quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Filme da Vida


As pessoas costumam definir a vida, especialmente no sentido conotativo, das mais diversas formas: é um jogo, é uma aventura, é uma poesia, é uma canção, é uma festa, é uma droga, é um paraíso, é um inferno, etc. Podemos discorrer quase infinitamente sobre ela. Considerando os passos que nela dei, posso concluir que a vida é um filme.

Temos muitas dificuldades em estabelecer o que queremos da vida. O que não nos damos conta é que somos os diretores de nosso próprio filme. Você tem idéia do quanto isso significa? Podemos escolher o roteiro, os personagens, a trilha sonora, a fotografia, os efeitos visuais, os figurinos, a edição, a arte e por aí vai. Ficamos cheios de idéias, projetamos na tela o resultado dos nossos sonhos. Mas por estarmos profundamente envolvidos na trama, delegamos uma das partes mais importante: a direção. E, com isso, tudo foge do controle.

Assim, o começo revela-se instigante e, por termos pouca experiência, optamos por um roteiro adaptado, meio pré-concebido, com um início, meio e um final feliz. Contudo, os personagens são previsíveis: um mocinho e uma mocinha. Ambos são envolvidos numa trama romântica com uma dose de comédia, que começa com uma aventura, transforma-se num drama, passando por um suspense, por vezes com ares policial, chegando a um ambiente de guerra e culminando num clima de terror (Não era bem esse o projeto pensado). Após a exposição do filme ao grande público, vem o peso da crítica especializada. Em seguida, começam as justificativas: problema no orçamento, erro de adaptação, atores incompatíveis com os papéis, falha na montagem, na direção...

No filme da vida, a realidade confunde-se com a fantasia da Sétima Arte, vejamos:

Acumulamos o papel de diretor e ator principal. A primeira preocupação é a de encontrar a(o) atriz(ator) que vai contracenar conosco. Feita a escolha, surge um grande detalhe: a (o) atriz(ator) pode não concordar com algumas cenas previstas e querer compartilhar na direção e revisar o roteiro a dois, caso contrário, não haverá gravação. Já que a produção tem limitações, ambos cedem para começar a rodar o filme da vida. A trilha sonora e a fotografia são riquíssimas. Os efeitos visuais são restritos as primeiras cenas da relação. A cena do casamento é convincente. Depois, os figurinos são trocados inúmeras vezes, prejudicando a montagem e exigindo muito da edição. A arte – da conquista – restringe-se aos minutos iniciais e o roteiro passa a ser enfadonho. A dificuldade para gravar a cena do enterro é comovente.

Por mais óbvio que possa parecer, ao final, temos a nítida sensação de que já vimos ou já fizemos esse filme. Há os que ainda acreditam na idéia e fazem diversas versões da mesma coisa, por isso que surgem: Sexta-Feira 13, XIII (conta a história da moça que tenta casar no dia de Santo Antônio, em 13 de Junho), O Senhor dos Anéis (sobre o cara que propõe noivado a todas as namoradas e nunca casa), Esqueceram de Mim III (o drama da balzaquiana que foi abandonada 3 vezes no altar), Missão Impossível (as aventuras de um xavequeiro que não consegue largar a balada). Você deve estar rindo, ou porque se identifica, ou porque já passou por isso, ou porque conhece alguém que tenha enfrentado o mesmo. Incrível, mas só mudam os personagens!

A melhor parte disso tudo é que você pode limitar-se a se divertir com as cenas vividas e contadas. É perfeitamente possível fazer um novo filme, algo totalmente diferente daquilo que já fora produzido. Não precisa seguir um padrão, um modelo, uma referência, nada. Afinal, você é quem está no controle total da produção. Claro, vai precisar de uma co-direção com idéias também inovadoras – se for o caso de uma obra conjunta - para que se possa escrever um roteiro inédito. Apenas uma questão de escolha e decisão!

Para fazer e ser diferente é preciso quebrar padrões. A vida é um filme e você, a qualquer momento, merece gravar o seu Filme da Vida.